Mark Read está deixando o cargo de CEO da WPP após 7 anos no comando e mais de 30 com a empresa. O executivo, que assumiu após a saída dramática de Martin Sorrell em 2018, ficará até 31 de dezembro enquanto a busca por sucessor já começou.
Por que importa: A saída acontece no pior momento possível – WPP perdeu o posto de maior holding mundial para Publicis, ações caíram para mínima de 4 anos e clientes bilionários como Coca-Cola migraram para concorrentes.
Os números da era Read
O que ele prometeu:
- “Construir um negócio mais simples e forte”
- Liderar transformação em IA e tecnologia
- Consolidar operações para cortar custos
O que entregou:
- Receita caindo 1% em 2024 e projetada para cair até 2% em 2025
- Ações despencaram de £19 (2017) para menos de £6
- Perdeu conta de US$ 700 milhões da Coca-Cola para Publicis
- Paramount encerrou relacionamento de 20 anos
“Mark desempenhou papel central em transformar a empresa em líder mundial”, disse Philip Jansen, chairman da WPP, em declaração que soa mais como epitáfio que elogio.
O legado das consolidações
Read ficará conhecido pelas mega-fusões:
- VML + Y&R + Wunderman Thompson = Super VML
- Essence + Mediacom = EssenceMediacom
- 5 agências de branding = Superunion (depois fundida com Design Bridge)
- GroupM virou WPP Media com demissões em massa
“Nossos clientes hoje nos avaliam melhor que nunca”, celebra Read
A corrida sucessória
Com busca já iniciada, apostas incluem:
- Executivo interno (improvável dado histórico recente)
- CEO de agência rival (mais provável)
- Outsider tech/consultoria (aposta na transformação)
O elefante na sala
Read gastou US$ 400 milhões anuais no WPP Open (ferramenta de IA) enquanto perdia clientes e valor de mercado. A obsessão com tecnologia não compensou problemas fundamentais do negócio.
A verdade inconveniente: Depois de 7 anos tentando simplificar a WPP, Read deixa uma empresa ainda mais complexa, menos valiosa e perdendo relevância. Sorrell, que criticou as decisões tomadas após sua saída, deve estar rindo em algum lugar.